Arriaga, Joaquim Pinto de Magalhães, Exame sobre o tratado relativo a bahia e territorio de Lourenço Marques concluido entre Portugal e a Inglaterra em 30 de maio de 1879

(Lisboa :  J. Allemant Frères,  1882.)

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INTRODUCÇÃO
 

Havend© a câmara dos deputados addiado a discussão do tratado re¬
lativo á bahia e território de Lourenço Marques, concluído entre Portugal
e a Inglaterra em 30 de maio de 1879, tem sido este addíamento debatido
largamente pela imprensa do paiz, e considerado por uma parte, como um
acto de nobre coragem e independência da mesma câmara, e por outra
parte como um acto pouco digno e delicado para com a Inglaterra, a nossa
mais antiga amiga e alliada; acto que poderia quebrar ou enfraquecer as
boas relações internacionaes, se por ventura os dois governos contratantes
não tivessem a esperança de na próxima sessão legislativa se terminar tudo
a contento de ambas as partes, e na forma convencionada.

O credito do governo portuguez acha-se compromettido na proposta de
lei que apresentou á câmara, declarando perante esta e a commíssão res¬
pectiva, que altas rasões de conveniência publica o obrigavam a sollicitar
do parlamento a approvação do tratado; e seria um grave erro de admi¬
nistração, um perigo político, um desprezo índecoroso pelas províncias ul¬
tramarinas, uma anarchia parlamentar, o demorar por algum tempo ainda,
a approvação ou rejeição do tratado a que me referi, e de que vou fallar.

O tratado de 30 de maio de 1879 foi assignado em Lisboa pelo mi¬
nistro portuguez Andrade Corvo, e pelo ministro inglez Morier.

O ministro inglez negociou com muita habilidade um bom tratado para
o seu paiz dentro dos limites da reciprocidade, e sem preponderância de
qualquer natureza que podesse offender nem sequer levemente a susceptí-
bílídade da outra parte, e na minha opinião houve-se como um ministro
honrado e justo.
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