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Dados sobre Raimundo Narciso,
a família Cruz e Portugal.

Para Frank e todos os primos americanos

1938/1948 - Vilar.

Raimundo (1938) viveu com os pais e irmã, Helena Maria (1940) até 1948, na aldeia de Vilar, do concelho do Cadaval, ano em que foi frequentar o 5º e 6º ano de escolaridade, no liceu Paços Manuel, em Lisboa.

Os pais viviam da agricultura, cultivo de vinhas e fabrico de vinho mas também produção hortícola e florestal. Criavam galinhas, perus, patos, coelhos para uso doméstico e por vezes para venda. Na terra anexa à residência, Manuel para além da vinha plantara uma grande variedade de árvores de fruto para consumo da família. Depois montou um negócio de compra de uvas e fabrico de vinho.

Escola primária 1946
1946 Prof. Ilda, Vilar, escola primária da Casa do Povo, Raimundo é o 5º, na 1ª fila a contar da esquerda
Raimundo e Helena com a mãe 1942
Raimundo e Helena com a mãe 1942

Na minha escola de instrução primária (4 primeiros anos) a professora obrigava-nos a aguardar em grupo a sua chegada e a cumprimentá-la com a saudação fascista de braço estendido, mas tratava-nos muito bem.

A aldeia era profundamente católica, a maioria da população adulta era analfabeta. A sua cultura e ideologia era a que o padre dispensava nas missas e sermões. O ditador Salazar era tido por santo.

O avô João vivia em nossa casa e faleceu em 1940, com 92 anos. Era muito religioso e quando já não conseguia ir à igreja rezava em casa.

1948/1950 - Lisboa

5º e 6º anos de escolaridade no Liceu Passos Manuel, só rapazes. Às 4ª feiras e aos Sábados tínhamos de ir fardados para a instrução militar na Mocidade Portuguesa uma organização paramilitar como as organizações similares de Mussolini e de Hitler. Era pensionista em casa de pessoas amigas da família, no bairro da Madragoa, mesmo em frente do Palácio de S. Bento, o Parlamento.

1950/1956 - Vilar

Frequentei o liceu do 3º ao 7º ano de escolaridade, em Torres Vedras, distante 18 Kms. No Vilar Manuel era a única pessoa que comprava diariamente o jornal e lia a Times e a Life que lhe enviada, dos EUA, o irmão Daniel, e a única pessoa que se declarava ateu. Muitas vezes passávamos as tardes de domingo com o seu irmão Francisco e com os filhos Diniz, Francisco, Alice, Lena, Luzia, e os netos. Frequentemente discutindo política. Francisco e filhos eram apoiantes do ditador Salazar que decretou luto nacional quando Hitler se suicidou em 1945, em Berlim.

Familia 1953 Junho
1953 junho. Na fila da frente, da esquerda a direita: Soares, Francisco, Luzia sua mulher, Eurico, Diniz, Arlete (mulher de Francisco II), Ilda, mulher de Manuel, Alice, Margarida, mulher de Diniz, Lena e Manuel. Em segundo plano, ao cimo, Raimundo, Teresa, filha de Diniz, Hena Maria irmã de Raimundo, Maria do Carmo (Micá) de chapéu, filha de Alice, Francisco II, de chapéu, Carlota, de chapéu, filha de Diniz, Zeca filho de Francisco II e Pedre de boné, filho de Diniz. Os 3 mais pequenos ao centro, entre Margarida e Lena são Fátima, Rui e Luzia (Zita) filhos de Diniz.

1956/1964 - Universidade em Lisboa

Universidade 1956
Raimundo 2º da esquerda
Em Outubro de 1956 parti para Lisboa para a Universidade. Curso de engenharia electrotécnica.

A par das aulas frequentava a Associação de Estudantes (AE) e o movimento estudantil muito politizado e uma das principais frentes de luta contra a ditadura pela liberdade, contra a censura prévia e pela democracia.

Tudo o que fosse publicado, jornal ou livro, era submetido previamente a uma equipa de censores do Governo, que cortava notícias ou proibia livros.

1961 Dia do Estudiante
1961 "Dia do Estudante" cultura e politica pela liberdade e a democracia, na Associação de Estudantes do IST.
Foi aí que fiz a minha formação política e fui, secretamente, recrutado para o PCP.

Com o início das guerras coloniais na Guiné (Bissau), Angola e Moçambique o Governo mobilizou toda a juventude para as forças armadas, para as guerras coloniais. Neste contexto tive de interromper o curso três vezes, para 1961 "Dia do Estudante" cultura e política pela liberdade prestar serviço militar obrigatório e a democracia, na Associação de Estudantes do IST. como oficial do Exército e preparar soldados e sargentos que seguiam logo para as guerras em África.

Entretanto a minha irmã Helena Maria veio também para a Universidade em Lisboa, para a Faculdade de Ciências onde se licenciou em ciências biológicas. Algum tempo depois seguiu para Paris acompanhando o marido, Jaime Mascarenhas, que fugia à perseguição política. Após o derrube da ditadura voltou para Portugal com o marido e a filha, Helena Maria Narciso Mascarenhas, com 3 anos de idade e trabalhou como professora, em Lisboa, até se reformar.

1964/1974 - Clandestinidade

Em 1964 decidi passar a viver clandestinamente, identidade falsa, residência secreta, para criar uma organização armada para lutar contra a ditadura. Foi uma decisão muito dolorosa, no plano pessoal porque me obrigava a desistir do curso quando me estava a interessar mais por ele e então pelas novidades no domínio da Física com a descoberta de novas partículas nucleares.
Raimundo e Maria
Maria e Leonor
Leonor e Raimundo
Na clandestinidade Raimundo com Maria e com a filha Leonor

Foi, no entanto, uma decisão amadurecida até me convencer que, como era "obrigatório", conseguiria resistir a todas as torturas policiais, com o risco da própria vida, para não denunciar nada nem ninguém. Conhecia os relatos de muitos torturados até ao limiar da morte. Tomei a decisão da clandestinidade sem consultar a família, sem consultar a namorada. Foi um choque terrível para todos.

A criação da "Acção Revolucionária Armada - ARA" foi muito difícil.

Mais de uma centena de prisões no PCP obrigou a interromper a criação da ARA por um ano tendo ido então frequentar um curso em Moscovo de Julho de 1966 a Junho de 1967, Um dos presos sofreu terríveis torturas e a ele devo não ter sido preso.

No curso de Moscovo, Economia Política, Filosofia, História, língua Russa, conheci a Maria Machado, a minha mulher, jovem de 18 anos e decidimos casar quando regressássemos a Portugal o que aconteceu em 1968 e passou a viver comigo na clandestinidade. Ela já antes vivera alguns anos com os pais também clandestinos. A ARA foi criada como uma organização não terrorista, não matou ninguém. As acções armadas eram realizadas de modo a não atingirem pessoas.

Um dos objectivos da ARA era que as suas acções dessem esperança e confiança aos trabalhadores, aos estudantes, às classes médias para impulsionarem as suas lutas pacíficas, protestos, greves, manifestações até uma insurreição geral que derrubasse a ditadura, com a ajuda de militares.

O armamento e muitas informações para atingirmos os alvos vinham das nossos ligações às forças armadas.

A direcção principal da luta era a sabotagem da logística das guerras coloniais. Uma das mais importantes acções armadas foi a destruição da quase totalidade dos aviões e helicópteros de treino de pilotos para as guerras nas colónias no interior do quartel da Base Aérea nº 3, situada no maior polígono militar nacional, em Tancos (centro do país). Link:

https://tinyurl.com/yd7sczyo
constituído por mim e dois veteranos do PCP, Jaime Serra, já com muitos anos de clandestinidade intervalados por quatro prisões num total de 6 anos e Francisco Miguel com um total de 22 anos de prisão, muitos deles no campo de concentração do Tarrafal na antiga colónia e actual República de Cabo Verde.

Raimundo 1972/73
Publicada pela PIDE na
TV e jornais em 1972/73
Eram campeões das fugas de prisão, quatro fugas cada um. A última, de Francisco Miguel foi, com mais oito presos, da Fortaleza de Caxias, em 1962, no automóvel blindado que fora oferecido pela Alemanha hitleriana a Salazar e estava então ao uso da prisão. Teve a cumplicidade do motorista e mecânico dos carros, também prisioneiro mas que se tinha passado, falsamente, para o lado dos carcereiros e, em combinação com os futuros fugitivos fugiu com eles. Link:
https://tinyurl.com/y8cpu6k2 ou https://tinyurl.com/y9sm985m
Em 1972 e 1973 a PIDE procurava intensamente a direcção da ARA e colocou a minha fotografia e dos outros dois membros do Comando Central, nos jornais e na televisão oferecendo um prémio a quem ajudasse a encontrar-nos. Foram raros os clandestinos que passaram dez anos seguidos na clandestinidade sem serem presos. Viver na clandestinidade, dando a aparência de uma vida normal, era uma arte!

Por razões de defesa só pude estar com os meus pais, infelizmente, uma única vez, nestes 10 anos, em 1970 e Manuel faleceu em 1972.

25 de Abril de 1974 - A revolução dos Cravos

Na noite de 24 para 25 de Abril de 1974 tropas de Norte a Sul do país saíram a caminho de Lisboa e tomaram o poder. A rebelião era dirigida por oficiais de escalão médio, capitães, que se tinham organizado em "Movimento das Forças Armadas - MFA" e estavam fartos das guerras coloniais para as quais o governo não procurava solução política. Prenderam os comandantes dos quartéis e saíram com as tropas que eram, no momento, informadas e atraídas para a rebelião. Dias depois no dia 1 de Maio de 1974 houve por todo o país grandes manifestações de apoio ao derrube do regime. Eis a da cidade do Porto Lisboa e a seguir a de Lisboa.
Manifestação 1 Maio 1974
Manifestação 1 Maio 1974
Vídeo da manifestação do 1º de Maio de 1974 de Lisboa: https://tinyurl.com/yaxf76zf

1974 - 1988 - No Comité Central do PCP

Terminado finalmente o pesadelo da clandestinidade eu e a Maria Machado passámos a trabalhar na sede central do PCP, em Lisboa.

A minha mãe a partir de 1974 passou a viver ora comigo ora com a minha irmã e faleceu em 2000, com 97 anos.

A minha filha, Ilda Leonor (n. 1969), licenciou-se em Engenharia de Materiais, fez um mestrado, foi professora. O José n. 1974) ficou-se pelo primeiro ano da Universidade casou e empregou-se.

A minha sobrinha Helena Mascarenhas doutorou-se em Matemática e é professora na Universidade. Casou com Carlos Florentino, professor na universidade e têm dois filhos, Miguel com 14 anos e Bruno com 11.

No PCP a minha actividade em todo este período foi fundamentalmente junto dos oficiais das Forças Armadas mas também nas relações internacionais em reuniões e conferências internacionais que me levaram a muitos países da Europa, incluindo à União Soviética, onde fui condecorado, em 1965, pelo presidente Mikoyan e em 1985, por Gorbatchov assim como a alguns países de África e a Cuba.

A Maria Machado era responsável por várias organizações do PCP, no estrangeiro, e trabalhava também na imprensa do partido.

Tínhamos um salário equivalente ao de um operário qualificado igual para todos os funcionários do PCP, do Secretário-Geral, à mulher da limpeza. Mais tarde passou a haver diferenciação nas remunerações.

A partir de Junho de 1975 uma parte dos capitães que fizeram o levantamento militar e acompanharam a revolução dirigida principalmente, mas não só, pelo PCP assustou-se com a radicalização da revolução, aliou-se aos militares de direita, teve o apoio do Partido Socialista e dos partidos de direita e executou um golpe militar em 25 Nov/75 que pôs fim à revolução.

Lugoslávia e Polónia 1980-82

Em Agosto/Setembro de 1975 organizações de extrema-direita, com alguns militares e o apoio da hierarquia da Igreja, mas não da maior parte dos católicos, desencadeou acções terroristas atacando e incendiando instalações de sindicatos e de sedes do PCP e de outros partidos de esquerda, no centro e Norte do país.

1988 - 2017

De 1987 a 1990 eu e outros membros do CC do PCP tentámos em debates internos alterar a orientação política do PCP e algumas regras internas que dificultavam a liberdade de discussão. Em 1989 demiti-me de funcionário do PCP. Profissionalmente trabalhei então como gestor e administrador de empresas, criei uma associação para a defesa do Ambiente e mais tarde uma empresa de consultoria. Também trabalhei como adjunto do ministro da Economia e por fim, já em 2009/2010 como adjunto do Secretário de Estado que tutelava a polícia e outras forças de segurança.

A Maria Machado decidiu abandonar o PCP algum tempo depois da minha saída. Empregou-se como secretária num sindicato e depois como secretária do Ministro dos Transportes e Comunicações, tendo-se reformado em 2012.

Em 1989 com outros organizámos um movimento político, Instituto Nacional de Estudos Sociais e debates públicos, por todo o país, com a participação de muitos dos mais conceituados intelectuais incluindo o prémio Nobel da Literatura. Reunião em Lisboa que lançou publicamente o INES. Raimundo é o 3º a contar da esquerda e José Saramago é 5º. Na mesa vêem-se intelectuais e sindicalistas dos mais conhecidos e prestigiados do país.

Instituto de Estudos Socials 1989
Instituto de Estudos Socials 1989
Reunião em Lisboa lançou publicamente o INES. Raimundo é o 3º a contar da esquerda e José Saramago é 5º. Na mesa vêem-se intelectuais e sindicalistas dos mais conhecidos e prestigiados do país.

1991 Plataforma de Esquerda
Raimundo ao centro e António Guterres á direita. Foto do Jornal Público de 1992-02-06
Em 1991 criámos uma associação política, a Plataforma de Esquerda - PE, com mais de mil comunistas que então abandonaram o PCP e com muitos outros activistas políticos de esquerda. Em 1995 fizemos um acordo eleitoral entre a PE e o Partido Socialista, com António Guterres, então Secretário-Geral do PS e agora Secretário-Geral das Nações Unidas (United Nations Raimundo ao centro e António Guterres à direita. Foto Organization - UN ) à através do qual do Jornal Público de 1992-02-06 eu e mais alguns fomos eleitos deputados do Parlamento ou presidentes de Câmara (mayor).

No Parlamento Raimundo foi eleito secretário da Comissão Parlamentar de Defesa Nacional e por inerência passou a participar regularmente nas reuniões da Assembleia Parlamentar da NATO, realizadas duas vezes por ano nos diferentes países membros.

Raimundo como deputado 1997
Raimundo como deputado 1997
Raimundo como deputado 1997
Raimundo como deputado 1997
Fotos: Raimundo, como deputado, em várias reuniões militares e na Bósnia com forças portuguesas em 1997.

Raimundo Home Page 2017
Na minha passagem pelo Parlamento criei um site público onde prestava contas aos eleitores do trabalho que desenvolvia. Era o único deputado com site público sobre o seu trabalho. Nele registava as minhas intervenções no plenário, legislação em que participei, intervenções em conferências, relatórios, estudos. Estava alojado em http://www.geocities.com/CapitolHill/9219/ infelizmente em 2009 a plataforma Geocities foi extinta. Tinha o aspecto que a imagem mostra.

Em 2008 fui um dos fundadores de uma associação para a defesa do património e da memória da luta contra o fascismo e a ditadura que governou Portugal 48 anos, de 1926 a 1974. Tem o nome de "Movimento não Apaguem a Memória - NAM" - e fui presidente da direcção em três mandatos, 2008-2012 e 2014-2016. O NAM está na origem do novo Museu do Aljube, em Lisboa, dedicado à Memória da Resistência à ditadura em cujo Conselho Consultivo participo; Link: http://www.museudoaljube.pt/

Museu do Aljube
Museu do Aljube
Este é o edifício do Museu do Aljube e na sua inauguração vêem-se o ex-presidente da República, Mário Soares, o então mayor de Lisboa e actual 1º ministro, António Costa, o então presidente do Parlamento, Jaime Gama, e Raimundo Narciso, presidente da direcção do NAM.

O edifício vem do tempo da ocupação muçulmana de Lisboa, nos séculos VIII ao XII. Sofreu remodelações ao longo do tempo e foi durante o Governo de Salazar uma prisão política, com celas de 3 x 1,5 metros, sem luz, um horror, onde os presos chegaram a passar muitos meses, isolados sem recreio nem visitas.

O NAM realiza regularmente de conferências, estudos, visitas e debates, dois deles nas instalações do Parlamento e um no antigo campo de concentração do Tarrafal, nas ilhas de Cabo Verde, antiga colónia Portuguesa e actual República de Cabo Verde, em África, que teve a participação do então presidente da República de Cabo Verde, Pedro Pires e do ex-presidente da República Portuguesa, Mário Soares, um apoiante do NAM, ele e sua mulher, Maria Barroso, já falecidos.

Conferência do NAM
Conferência do NAM
Conferência do NAM, no Parlamento em Lisboa, (2008-10-29) sobre as guerras colonias com representantes de Angola, Guiné (Bissau) e Cabo Verde. Na foto à esquerda Raimundo Narciso, Alberto Costa, então ministro da Justiça, Jaime Gama presidente do Parlamento. Foto da direita assistência.
Conferência do NAM
Conferência do NAM
Pedro Pires, então presidente da República de Cabo Verde, discursa no encontro promovido pelo NAM em conjunto com a presidência da República de Cabo Verde e a Fundação Mário Soares (Lisboa), em memória dos prisioneiros do campo de concentração do Tarrafal criado pelo ditador Salazar em 1936 para presos políticos inspirado nos campos de concentração nazis e encerrado em 1956. Foi reaberto em 1961 para presos políticos das colónias portuguesas em guerra. No debate estiveram ex- presos das antigas colónias portuguesas e alguns sobreviventes do primeiro período. Das muitas realizações do NAM deixo mais umas fotografias do local onde se situava a sede da polícia política, a PIDE, no centro de Lisboa. Realizámos uma grande manifestação nesse local, autorizados pelo "mayor", com a participação de alunos universitários e professores da Faculdade de Belas Artes de Lisboa e de antigos presos políticos que pintaram um painel gigante de denúncia da PIDE.

Nas imagens em baixo Raimundo e António Costa, então "mayor" de Lisboa, inauguram uma sinalização da antiga sede da PIDE, com uma placa em bronze.

Conferência do NAM
Conferência do NAM
Conferência do NAM
Conferência do NAM


Raimundo publicou 4 livros, um deles colectivo, estudos e trabalhos principalmente sobre Defesa Nacional e as Forças Armadas Portuguesas e em especial sobre o Serviço Militar, a NATO, em revistas da especialidade como a do ministério da Defesa Nacional https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/1467/1/NeD091_RaimundoNarciso.pdf ; https://tinyurl.com/y6uwe46b ou da Universidade Autónoma de Lisboa https://tinyurl.com/y9lcg8jz

    Lisboa, 18/11/2017

        Raimundo Narciso