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Segunda-feira, 19 de agosto de 2002

Globalização reduziu a pobreza, segundo estudo
Ativistas estariam errados ao dizer que distribuição de renda piorou
VIRGINIA POSTREL
The New York Times

Os criticos à liberalização econômica e ao comércio internacional acreditam que os ricos ficam mais ricos e os pobres mais pobres. "A desigualdade se acentua vertiginosamente nessa época de globalização - dentro dos países e entre um país e outro", disse Noam Chomsky em uma conferência, sintetizando uma opinião comum. Os ativistas antiglobalização não inventaram essa idéia, mas a tiraram de fontes respeitadas, como o Relatório sobre Desenvolvimento Humano da ONU de 1999.

O amplamente citado relatório declara: "As diferenças de renda entre os países mais pobres e os mais ricos continuaram a se ampliar. Em 1960, os 20% das pessoas do mundo nos países mais ricos tinham 30 vezes a renda dos 20% mais pobres. Em 1997, 74 vezes mais".

Felizmente, esse quadro assustador é bastante equivocado. "Quando comecei a examinar os números, detectei muitos erros", disse Xavier Sala-i-Martin, um economista de Columbia. Alguns eram desvios dos procedimentos econômicos padrão, como a ausência de correção dos níveis de preço de um país para outro. "Algumas agências não fizeram os ajustes para levar em conta o fato de que a Etiópia é mais barata que os Estados Unidos", disse ele. "Algumas esconderam números que existem". Por exemplo, o relatório incluiu dados de apenas 19 dos 29 países industrilizados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

Mas o maior problema não foi tão técnico. O relatório da ONU e outros relatórios analisaram a diferenças de receita entre os países mais ricos e mais pobres - e não entre indivíduos ricos e pobres. Isso significa que cidadãos anteriormente pobres de países gigantescos poderão ter enriquecido e mesmo assim não ter aparecido nos dados.

"Tratar informações de países como China e Granada como se tivessem peso igual não parece razoável, porque existem cerca de 12 mil cidadãos chineses para cada habitante de Granada", escreve Sala-i-Martin em A Distribuição Mundial de Renda, um de seus dois estudos sobre o tema para o National Bureau de Economic Research. A computação por países deixa de lado o maior progresso econômico da História, distorcendo completamente os dados do "período de globalização". No decorrer das três últimas décadas, e especialmente a partir dos anos 80, os dois maiores países do mundo, China e Índia, evoluíram economicamente, assim como outros países asiáticos relativamente populosos.

Dessa forma, 2,5 bilhões de pessoas tiveram uma alta no seu padrão de vida na direção do padrão do bilhão de pessoas que vivem nos países já desenvolvidos - uma diminuição na pobreza global e um aumento na igualdade global. Do ponto de vista dos indivíduos, a liberalização econômica foi um enorme sucesso.

"Temos que examinar as pessoas", diz Sala-i-Martin. "Porque, se você só examina os países, realmente temos uma grande quantidade de pequenos países que estão indo muito mal, como os 35 países africanos". Mas a África tem apenas metade da população da China.

No seu documento O Perturbador Aumento da Desigualdade na Renda Global, ele avalia a distribuição da renda mundial por indivíduo e não por países. Os resultados são surpreendentes. É fácil esquecer como a extrema pobreza era generalizada há apenas poucas décadas atrás.

Em 1970, a distribuição de renda global atingiu o pico de cerca de US$ 1 mil, em valores de hoje. Em comparação, no ano de 1998, a maior quantidade de pessoas ganhava cerca de US$ 8.000 - um padrão de vida equivalente ao de Portugal. "É o que eu chamo de uma nova classe média mundial", diz Sala-i-Martin. Na sua maior parte é comporta dos 40% de chineses e indianos na parte alta da pirâmide e o efeito da sua ascensão econômica é grande.

O que dizer da crítica de que as diferenças de renda estão aumentando dentro desse países que apresentam um rápido progresso? Os ricos realmente ficaram mais ricos mais depressa que os pobres. Mas, na maioria dos países, os pobres não ficaram mais pobres. Ficaram mais ricos, também. Em troca da espetacular elevação nos padrões de vida, um pouco mais de desigualdade interna não é uma coisa tão ruim assim.

"É conveniente pensar que é inequivocamente bom que mais de um terço dos cidadãos mais pobres vêem sua renda crescer e convergir para os níveis desfrutados pelas pessoas mais ricas do mundo", escreve Sala-i-Martin. "E se nossos índices dizem que a desigualdade se acentuou, então o aumento da desigualdade deve ser boa e nós não devíamos no preocupar com isso."





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