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trabalhos necessários para o melhoramento do porto de Lourenço Marques,
e construcção do caminho de ferro do Transvaal.
Lord Granville recebeu com muito agrado as rasões que lhe apresen¬
tei, e respondeu-me, que havia de conferenciar com o ministro das colônias
a este respeito, e depois de habilitado mandaria instrucções ao ministro
inglez em Lisboa sobre este assumpto,
Na conferência de 17 de seterabro seguinte, que teve logar entre os
ministros Braaracarap e Morier, discutirara-se os quatro pontos do Tratado
sobre os quaes o governo portuguez pedia raodificações, e quando se expli¬
cava 10 artigo 5.** onde se tuata do carainho de ferro de Lourenço Marques
a Preteria, disse o rainistro inglez ao rainistro Braaracarap: Bem sei que o
governo portuguez sollicitou em Londres a construcção do caminho de ferro
para o Transvaal independentemente da ratificação do Tratado de 30 de
maio, mas que era obvio que, na falta de certeza da parte do governo de
S. M. Fidelissima se o tratado passaria nas Cortes, essa discussão só
podia ter um caracter acadêmico.
E o rainistro Braaracarap deu-se por satisfeito cora esta resposta e em
todo o curso das negociações até á assignatura do artigo addicional e do
ProtocoUo, nem mais uma palavra em Londres e em Lisboa sobre a cons¬
trucção do carainho de ferro, Índependenteraente da ratificação do Tratado 1
Porque raotivo Lord Granville, era Londres, e Morier era Lisboa se
recusavara a negociar cora Portugal uraa linha férrea para Pretória, pondo
de parte o Tratado de 30 de raaio, corao soUcitava a nossa diploraacia; e
charaavara a isso uraa questão acaderaica ?
A resposta é rauito siraples.
A Inglaterra e Portugal não construiara decerto aquelle carainho para
ser conteraplado pelos adrairadores, como um quadro cie Baphael no Vati¬
cano, em Roma, ou como um quadro de Rubens, no Louvre, em Paris;
construirara-no corao ura instruraento de riqueza e utüidade para os dous
povos limitrophes, para transportar horaens, e raercadorias; e dado o caso
da construcção apparece iraraediatamente a necessidade das alfândegas nas
raias, das tarifas, do livre transito, passagera de tropas, etc, e por conse¬
guinte o Tratado de 30 de raaio, ou outro qualquer forraulado nas raes¬
raas bases, que regule os direitos e obrigações dos dous governos contra¬
ctantes que tinhara de subvencionar a construcção do carainho, para o ser¬
viço e utilidade coraraura!
Tudo o que não for isto, na phrase de Lord Granville e Morier, cha¬
ma-se questão acadêmica, que não leva a resultado pratico.
O governo portuguez, reconhecendo o mau effeito d'esta negociação,.
poz-Jhe termo, tanto em Londres, como em Lisboa, para não continuar a re¬
presentar uma vergonha diante da parte contraria!
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